6º ao 9º Ano
Falar em educação é falar da “construção de pessoas” (seres capazes de relação), não de indivíduos. Como o desenvolvimento das pessoas acontece necessariamente dentro de um contexto sócio-econômico-político-cultural específico, todo processo educativo há de partir da consciência crítica desse contexto, de suas contradições e das possibilidades práticas de sua transformação, para criar soluções capazes de promover mudanças e inovações contínuas em função de seu desenvolvimento social.
Se nossa visão educativa, vinculada aos princípios evangélicos e às opções e estilo do Sistema Educativo de Giovanni Bosco e Maria Mazzarello, se funda na centralidade da pessoa humana, nossa meta é a comunhão social: justa, fraterna, solidária, participativa, livre, democrática e sempre a serviço da vida.
Esta meta exige um exercício cotidiano que supere o caldo da nova cultura do “grande vazio”, do neoindividualismo, do relativismo, impulsionados por uma tecnologia cada vez mais sofisticada e acelerada, que gera um consumismo de bens supérfluos e o culto pela irrelevância dos valores morais. Nessa crise cultural a pessoa humana de sente “des-humanizada” caminhando como um forasteiro sem bússula, em meio à multidão.
Queremos possibilitar aos alunos uma experiência de aprendizagem vivida na construção personalizada do conhecimento, na descoberta de um mundo real que atrai e encanta porque é um mundo vivo – mundo que se conhece, que se sente e que se ama; mundo que se teme porque cheio de violências e desamor, mas também mundo de sonhos, de utopias, de valores, de encantamentos e de mistérios. Mundo que “se gosta”, porque se constrói na convivência do dia-a-dia e se constrói em base à própria fé e às próprias crenças.
Assumimos esta postura porque acreditamos que a aquisição da ciência e da técnica tem como finalidade última a felicidade da pessoa humana.
A razão de ser de nosso Projeto Político Pedagógico, portanto, se constitui na busca de respostas aos nossos questionamentos, de criação e organização de condições fundadas em nossos princípios e critérios educacionais, de definição de prioridades e clareza de limites.
Partimos da Identificação da Instituição, nos posicionamos com clareza sobre o nosso Paradigma Educacional - nossa visão de educação, missão a que nos propomos, valores que trabalhamos, visão de conhecimento que professamos e como trabalhamos os conteúdos cognitivos, procedimentais e atitudinais.
Nosso Projeto Político Pedagógico quer ser fiel à identidade do CENSA; quer continuar a escrever-lhe a história como espaço democrático onde todos tenham voz e vez, onde sejam administradas as diferenças, seja valorizado o entendimento, seja construída a paz e seja vivenciada a solidariedade.
O CENSA não se restringe à sua ação pedagógica escolar; vive relações sócio-comunitárias, que lhe enriquecem a história.
Visão de Educação
A educação é obra eficaz do ambiente e pode ser realizada com mais naturalidade onde subsiste um sistema de relações familiares. (D. BOSCO, 1888)
O CENSA, como parte integrante do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora ou Salesianas de D. Bosco, constitui uma “rede mundial de educação e de solidariedade” inserida em múltiplos contextos culturais de 1465 comunidades, em 91 países dos 5 continentes. Também ele é, por natureza, vocacionado a uma “missão educativa” comprometida com os princípios e aspirações evangélicos e com as opções e estilo do Sistema Educativo do educador italiano Giovanni Bosco e sua co-fundadora, Maria Mazzarello.
Falar em educação é falar na “construção de pessoas”.
Como o desenvolvimento das pessoas acontece necessariamente dentro de um contexto sócio-econômico-cultural específico, que se quer garantir ou transformar, a proposta pedagógica do CENSA tem um referencial político-social decorrente de seus fundamentos.
Vinculada aos princípios evangélicos, sua visão educativa se funda na centralidade da pessoa humana e tem como meta a comunhão social: justa, fraterna, solidária, participativa, livre, democrática, a serviço da vida.
O centro da pedagogia salesiana é a pessoa humana em sua totalidade de energia cósmica e espiritual, compreendendo também sua corporeidade; não se pode trabalhar identidade, sem se referir e sem partir do “corpo” – nosso corpo somos nós mesmos nos expressando. Visa-se ao desenvolvimento da pessoa, à construção de sua identidade em forma processual e em relação a seu acontecimento fundante:
• elevada a uma dignidade própria, que se firma na emergência da consciência, da liberdade e do amor;
• chamada a uma transcendência, isto é, sua dignidade é utópica, se faz livre e continuamente, respondendo como sujeito aos desafios do contexto e se orientando para o Absoluto;
• vocacionada à felicidade, que supõe construção de um sentido para a própria existência e para seu contexto social, assumindo a realidade concreta da vida, com seus contrastes, valores e ambigüidades.
O político como horizonte pedagógico expressa-se no exercício da cidadania, não como meta distante, mas como prática cotidiana, inclusive da vida escolar. Sem exercício democrático não se constrói uma sociedade livre e participativa. Dentro dessa liberdade, há que se respeitar o pluriculturalismo: as diferenças de gênero, raça, religião, ideologia e de quaisquer outras minorias sociais.
A superação dos conflitos se realiza por meio do relacionamento humano, do diálogo, da solidariedade e da partilha, que reforçam a humanização da cultura e do saber. Visa-se ao primado da sabedoria sobre a ciência e ao respeito à ética das relações entre homem, tecnologia e política, promovendo a educação para a paz.
Três pilares fundamentam nossa salesianidade educativa: razão, religião e afetividade (amorevolezza):
• Razão, no sentido de criar e garantir num relacionamento dialógico, a autonomia intelectual do aluno, que conhece e assume as “razões” de tudo aquilo que estuda e vivencia, inclusive de seus limites; capacidade de compreender a si mesmo e o mundo que o envolve;
• Religião, como abertura ao sentido radical (de raiz) da existência e prática dos valores evangélicos, com atitude ecumênica e dialógica. Nesta dimensão incluímos Maria, Mãe e educadora do Mestre Jesus, presença indispensável na educação salesiana e que nos leva a uma releitura da afetividade como caminho educativo, fazendo-nos compreender que, na Pedagogia Salesiana, a oferta do amor está intimamente ligada a um horizonte de significado de vida;
• Afetividade, como clima educativo de confiança, compreensão, alegria e amor, que favoreça o relacionamento educador-educando e estimule o crescimento pessoal sem dependência ou direcionismo. A razão não se apresenta isolada de sua dinâmica emocional, de sua possibilidade de “afetar” e “sentir-se afetado”. Razão e sensibilidade fazem parte do universo de compreensão do ser humano: a razão lhe fornece os meios para compreender a realidade, solucionar conflitos, projetar ações e reavaliar o que foi feito; mas, o impulso, a energia, a vibração vem do desejo. É este que põe o ser humano em movimento.
Missão a que se propõe e objetivos gerais
Educar é criar situações de aprendizagem nas quais todos possam despertar, mediante sua própria experiência do conhecimento, para a sua dignidade de sujeitos do seu futuro.(ASSMANN, 1996, p. 22)
O CENSA visa a formação de pessoas livres, responsáveis, abertas ao transcendente e aos valores humanitários; solidárias com seus semelhantes e capazes de interação positiva com o ambiente no qual se inserem; pessoas conscientes de suas limitações, mas também de sua capacidade de libertar-se em reciprocidade com os outros.
Opta pela solidariedade, não como gesto isolado, mas como cultura da solidariedade, que é atitude permanente e critério de acolhimento do outro de forma positiva, processual, partilhando continuamente os questionamentos e as respostas da vida, particularmente em relação às minorias sociais.
No horizonte antropológico da reciprocidade, o CENSA assume uma proposta efetiva de educação para a autonomia responsável dos alunos e das alunas, que se expressa tanto na aceitação da identidade sexual quanto no encontro autêntico entre eles, para que se respeitem mutuamente em suas diferenças de gênero e em sua igualdade pessoal.
Valoriza o “ser” mais que o “fazer”, o verdadeiro mais que o eficiente, a ética mais que a técnica, a comunhão mais que o êxito individual e ajuda a recuperar o “feminino” como apoio emergente da dualidade humana, priorizando o relacionamento afetivo. Faz da alteridade a chave de interpretação da realidade, opondo-se ao modelo vigente de exploração e dominação.
O CENSA estimula a experiência de grupo como lugar, onde se privilegia o protagonismo do jovem e, simultaneamente, se faz uma educação personalizada, favorecendo a relação interpessoal.
Empenha-se em preparar comunicadores, não meros receptores ou acumuladores de informação; pessoas capazes de transformar informações em conhecimentos e os conhecimentos em sabedoria, superando a instrumentalização da pessoa em relação à mídia.
Garante a qualidade do ensino e da educação em todos os níveis: trabalha os conteúdos, capacita para o domínio de métodos, técnicas e linguagens, seleciona e qualifica professores, recorrendo a uma metodologia participativa, à problematização das situações e aos processos transformadores da realidade. Desse modo, possibilita ao jovem tornar-se presença significativa no seu contexto sócio-cultural, ciente de que a construção de um projeto de vida, a educação para o trabalho e a profissionalização são instrumentos necessários à inserção responsável na sociedade.
O CENSA oferece condições para que os educandos desenvolvam a criatividade e o senso crítico, o espírito de pesquisa, a autonomia intelectual e moral, a abertura e a flexibilidade frente aos desafios do cotidiano. Ajuda-os a interpretar a realidade, ressignificar os conteúdos, vivenciar a relação teoria-prática no processo de construir-desconstruir o conhecimento, bem como realizar ações concretas para o crescimento de sua própria pessoa e da comunidade à qual pertencem.
Oportuniza a experiência da vida como festa, pela vivência do espírito de família, que é o oxigênio da Pedagogia Salesiana. Nesse clima e para gerá-lo e alimentá-lo, realizam-se atividades complementares essenciais: teatro, música, dança, coral, esportes, feiras, festivais, exposições, fóruns de discussão, excursões e tudo que constitui aprendizagem e experiência de vida.
Como matriz indispensável a esta missão, o CENSA se propõe a ser casa que acolhe, família em que cada membro se sente amado e respeitado e aprende a amar e a respeitar o outro, no exercício crescente da cidadania, da solidariedade e da reciprocidade.